abril 22, 2012

A ponte, a janela e a porta: ensaio da vivência nos Caminhos Das Alagoas

Alagoas destaca-se acanhada entre o bairrismo pernambucano e o oportunismo sergipano com território de belas paisagens e diversificados elementos naturais e culturais. Um “filé” como produto turístico e muito mais na segmentação do ecoturismo e observação da natureza.  O homem alagoano é uma singularidade e o turismo cultural, se bem estimulado, será favorecido.
Resiste estranhamente à sua história, ora guerreiro, ora festeiro mas sempre incrédulo diante dos pseudo poderosos do tempo: senhores de engenho, coronéis, marajás e gestores públicos despreparados e sem conhecimento dos princípios da sustentabilidade. A alma alagoana é resistente, pacífica mas tem sido sacrificada emocionalmente e economicamente por anos.
Já defende Leonardo Boff: "Precisamos aliar a justiça social com a ecológica".
Simbolicamente os Caminhos Das Alagoas são pontes, janelas e portas.
A vivência nos Caminhos Das Alagoas sempre favoreceu.
Como ponte determinou a ligação das oportunidades, ou a falta delas.
Como janela concebeu a visão de novas realidades, arejamento para outros mundos.
 
E, finalmente, como porta pôs na iminência da qualidade de vida, da justiça social e da confirmação dos melhores valores humanos.

Esclarece-se citando o poeta amazonense Thiago de Mello:
“Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
É o jeito de caminhar.
Aprendi
(o caminho me ensinou)
A caminhar cantando
Como convém
A mim
E aos que vão comigo”.
 

Às vésperas da RIO+20, para deixar mais claro ainda como Alagoas desperdiça potencial sem linha para o turismo sustentável, outra poesia do mesmo autor, complementa nesse ensaio a poesia fotográfica que é o estado, com políticas sociais por vezes condizentes, outras ineficientes. Entender e empreender sustentabilidade é condição de um candidato a bom gestor público mas essa "faculdade" é para poucos. 

"A viagem está mais no caminho que no destino", nesse caso, o Das Alagoas.
 
Os Estatudos do Homem (Thiago de Mello)

Art I  Fica decretado que agora vale a verdade,
que agora vale a vida,
e que de maos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Art II  Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


Art III   Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Art IV   Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.




Paragráfo único:    O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.







Art V   Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa. 







Art VI   Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o  lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.




Art VII    Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.








Art VIII    Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Art IX    Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.



















Art X     Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.





Art XI   Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.




Art XII  Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
Tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerantes
e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo Único: Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Art XIII   Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.



Art Final   Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a asua morada será sempre
o coração do homem.
Esforços sobre desenvolvimento e turismo sustentável surgirão na mobilização mundial RIO+20. A vivência nos Caminhos Das Alagoas, a observação da natureza e da cultura alagoana, mostra que podemos tomar individualmente as referência da declaração da "Carta da Terra" para projetos pessoais:
# Faça da Carta da Terra seu guia básico de sustentabilidade;
# Seja um exemplo vivo;
# Assuma o poder que possui;
# Coopere, coopere;
# Potencialize o poder de outros;
# Promova o respeito e o entendimento. http://www.ecodesenvolvimento.org.br/espaco-carta-da-terra/carta-da-terra-no-dia-a-dia-saiba-como-apoiar-um#ixzz1snNNOjFx
#
Iniciativa da Carta da Terra é promover a transição para formas sustentáveis de vida e de uma sociedade global fundamentada em um modelo de ética compartilhada, que inclui o respeito e o cuidado pela comunidade da vida, a integridade ecológica, a democracia e uma cultura de paz. A missão da Iniciativa da Carta da Terra é promover a transição para formas sustentáveis de vida e de uma sociedade global fundamentada em um modelo de ética compartilhada, que inclui o respeito e o cuidado pela comunidade da vida, a integridade ecológica, a democracia e uma cultura de paz. http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/index.html

Fotos pertencem ao banco de imagens dos Caminhos Das Alagoas: Gianna Perrelli