junho 17, 2019

No Pilar com N.Senhora do Pilar, sustentáculo do povo






Sabemos do português ser a classe gramatical da palavra “PILAR” um substantivo masculino e um verbo transitivo direto. No sentido figurado, um “PILAR” é um sustentáculo moral; uma base, um fundamento: nos pilares do cristianismo, a redenção mediadora. A Mãe do povo do “PILAR”, é a que serve de apoio; suporte. A que “pisa no pilão” ou a que “esmaga o mal”. A palavra “PILAR” tem origem do latim “pilare”. Parece poético, não?! É também histórico.
Imagine uma cidade de origem no nome “Manguaba”, às margens de uma “lagoa do sul”, povoada por índios Cariris, depois por uma vila de pescadores e então por antigos engenhos que em tempos de “Capitanias Hereditárias” já possuía senhores portugueses e povoados fervorosos e devotos à N.Senhora do Rosário (1800), São Benedito (1879) e à N.Senhora do Pilar (1879)  padroeira da cidade e de imagem trazida pelo espanhol José Ayala de sua terra natal. Devaneie: que esse homem fazia tão longe da Espanha nessa época ?!!
Já em 1854 era tida como a Freguesia do Pilar e a visita ilustre de D.Pedro II foi grande acontecimento histórico econômico. Imaginem o valor da cana-de-açúcar na época! Conta-se ainda que a macabra e histórica cena da última pena de morte por enforcamento no Brasil tenha sido no Pilar.
Então, já vai aí, um montão de história da tida “Civilização do Açúcar”!















Depois, capítulo à parte, é terra natal do humanista, pai da Antropologia Brasileira, escritor e considerado um dos maiores cientistas da humanidade, Arthur Ramos. Sua casa natal está sendo reformada. Morreu em Paris como diretor da UNESCO, elaborando um plano de “Paz para o Mundo”, mas nunca esqueceu o Pilar. E teria escrito:  "A minha recompensa maior, será a de estar ouvindo aquelas vozes queridas, que os ventos, constantemente, me trazem do Pilar distante, para a música do meu coração.”
Também é o Pìlar a terra natal do jornalista e ex governador Costa Rego, e do pedagogo e folclorista Ranilson França.
O prédio tombado do antigo Cine Pilarense se transformará em centro cultural (ambos ainda em reforma). Ufa!! É muita riqueza cultural! Pensar e vivenciar emociona, creiam!  Mas ainda não se transformou a cidade histórica do Pilar em polo ecoturístico. E Alagoas não a valoriza. Por enquanto!



























Certamente é a beleza cênica da Lagoa Manguaba, o grande encantamento do Pilar. Com enorme potencial para o ecoturismo por suas belezas naturais, cultura e história. Mas ainda não! A lagoa aguarda suja em sua orla (apesar da recente urbanização); desestruturada em acolhimento e sinalização turísticas (a indústria sem chaminé, lembram?!); um píer deverá surgir (só agora!); percebemos não haver prioridade na educação ambiental que a região exige e não vimos colônia de pescadores organizadas talvez porque não tenhamos chegado em um dia festivo.
Sim, porque festas populares é o que não falta, se deixar explodem na alegria e na fé! Folguedos como o guerreiro, pastoril, baianas, cavalhada e outros se fazem presentes. E tem ainda os festejos de nove dias da padroeira. Na praça em frente à igreja matriz a Festa de N.Senhora do Pilar é um acontecimento singular e celebrada todo dia 02 de fevereiro desde sua fundação, com novenas, missas, procissão e banda de pífano!



















Agora imagine que, à despeito de toda riqueza no seu subsolo (gás natural), essa cidade tem um tesouro de nome João Benedito Porfírio (78 anos), de oficio mestre canoeiro, construtor de canoas e que artesanal e braçalmente constrói canoas da antigas árvores como os índios Cariris já fizeram na região um dia. Ciente de não usar espécies nativas porque não é permitido retirar da Mata Atlântica remanescente como faziam. Seu João e outros se houverem, certamente, têm grande potencial para ensinar seu oficio como “Patrimônio Cultural Vivo de Alagoas”, e não interessa de qual partido é; para qual time esportivo torce; e que fé consagra, apenas que deve e pode ensinar aos jovens talentosos seu oficio e aos turistas sua experiência de vida. À postos para fazer enriquecer qualquer campeonato alagoano de regatas de canoas à vela. Que “belezura” seria um píer todo enriquecido com coloridas canoas de Seu João com velas desenhadas por textos e poesias de seus escritores e poetas! Assim ganharíamos todos:
O OFÍCIO DO MESTRE CANOEIRO: DO SIMBÓLICO PARA O MATERIAL A canoa caiçara é o símbolo maior da cultura caiçara. Para a compreensão do significado da canoa caiçara para o grupo social que a produz e a utiliza é necessário entender conceitos básicos relacionados à cultura material, a própria concepção de cultura e suas particularidades, “além da necessidade de se compreender a especificidade deste tipo de embarcação, ou seja, em que medida a canoa, tal como é construída nos dias de hoje, reflete uma sociedade, sua organização, suas representações e como aparece como marca registrada deste grupo” 32. Na praia onde existe uma canoa, está o dono dela, que conhece a sua história. Sabe onde ela foi feita, quem a fez, com qual madeira, onde, quando e porquê. Ele pesca com esta canoa e conhece os segredos das artes de pesca, os diferentes peixes e seus hábitos. Conhece os pesqueiros por nomes antigos, as correntes de água, as marés, os ventos mansos e bravos, e quando não pode pescar conhece as trilhas, as roças, as “cavas de casas” que já não existem mais, os bichos do mato e as plantas. Ele possui e cultiva estes conhecimentos diariamente por simplesmente “saber fazer” e para “ensinar como” sobreviver aos seus descendentes..." (http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/DOSSI%C3%8A%20IPHAN%20V14.pdf)
Igreja de N.Senhora do Rosário 











Imaginou a riqueza do Pilar?! Então ponha mais imaginação aí...
Pense agora em como é ser recebido por um pilarense de corpo e alma, escritor e jornalista apaixonado por sua terra... Nosso amigo Sergio Moraes (celular: 82 98822.6740). Permita! Ele é pura poesia! Nos atendeu como condutor nativo e nos fez circular entre igrejas históricas e mirantes de beleza ímpar! Recitou seu texto de acolhimento ao nosso grupo e orou conosco sob o Manto Sagrado de Nossa Senhora do Pilar! Festejou a pesca e a riqueza da lagoa como ninguém! Tem visão e amor ao Pilar para além de qualquer gestão pública:
“Em nome do povo do Pilar, os recebo com alegria
Esse grupo que faz trilha, que nos visitam neste dia
Apreciem nossas belezas e a nossa gastronomia...”
Outra criatura que merece destaque e reconhecimento profissional na sua labuta diária. Estaremos a ele vinculado toda vez que voltarmos. E que mais trilhas nos sejam apresentadas e abertas ao ecoturista em geral! 


Igreja de N.Senhora do Pilar















Igreja de São Benedito 

















Foto Sérgio Moraes
Agora, já que você vai aí somando conosco os “tesouros” do Pilar, se delicie nas fotos!











Caminhamos e conhecemos entre horta e uma pequena e inicial agrofloresta a proposta do “Eco Sítio Bella Flor” que engatinha decidida na agricultura orgânica, com o entusiasmo e dedicação profissional da professora aposentada Elienai. Semanalmente seu Delivery atende fornecendo produtos ecológicos, cultivados com zelo sem agrotóxicos (celular:82 99941.0595). Obrigada amigos!












































  








CRÉDITO FOTOS: Gianna Perrelli. Do banco de imagens dos Caminhos Das Alagoas. Colaboração Sergio Moraes