Imagine uma cidade de origem no nome
“Manguaba”, às margens de uma “lagoa do sul”, povoada por índios Cariris,
depois por uma vila de pescadores e então por antigos engenhos que em tempos de
“Capitanias Hereditárias” já possuía senhores portugueses e povoados fervorosos
e devotos à N.Senhora do Rosário (1800), São Benedito (1879) e à N.Senhora
do Pilar (1879) – padroeira da cidade e de imagem trazida pelo espanhol José
Ayala de sua terra natal. Devaneie: que esse homem fazia tão longe da Espanha nessa época ?!!
Já em 1854 era tida como a Freguesia
do Pilar e a visita ilustre de D.Pedro II foi grande acontecimento
histórico econômico. Imaginem o valor da cana-de-açúcar na época! Conta-se
ainda que a macabra e histórica cena da última pena de morte por enforcamento
no Brasil tenha sido no Pilar.
Então, já vai aí, um montão de história
da tida “Civilização do Açúcar”!
Depois, capítulo à parte, é terra natal do humanista, pai da Antropologia Brasileira, escritor e considerado um dos maiores cientistas da humanidade, Arthur Ramos. Sua casa natal está sendo reformada. Morreu em Paris como diretor da UNESCO, elaborando um plano de “Paz para o Mundo”, mas nunca esqueceu o Pilar. E teria escrito: "A minha recompensa maior, será a de estar ouvindo aquelas vozes queridas, que os ventos, constantemente, me trazem do Pilar distante, para a música do meu coração.”
Também
é o Pìlar a terra natal do jornalista e ex governador Costa Rego, e do
pedagogo e folclorista Ranilson França.
O prédio tombado do antigo Cine Pilarense
se transformará em centro cultural (ambos ainda em reforma). Ufa!! É muita
riqueza cultural! Pensar e vivenciar emociona, creiam! Mas ainda não se transformou a cidade
histórica do Pilar em polo ecoturístico. E Alagoas não a valoriza. Por
enquanto!
Certamente é a beleza cênica da Lagoa
Manguaba, o grande encantamento do Pilar. Com enorme potencial para o ecoturismo
por suas belezas naturais, cultura e história. Mas ainda não! A lagoa aguarda
suja em sua orla (apesar da recente urbanização); desestruturada em acolhimento
e sinalização turísticas (a indústria sem chaminé, lembram?!); um píer deverá
surgir (só agora!); percebemos não haver prioridade na educação ambiental que a
região exige e não vimos colônia de pescadores organizadas talvez porque não
tenhamos chegado em um dia festivo.
Sim, porque festas populares é o
que não falta, se deixar explodem na alegria e na fé! Folguedos como o guerreiro,
pastoril, baianas, cavalhada e outros se fazem presentes. E tem ainda os
festejos de nove dias da padroeira. Na praça em frente à igreja matriz a Festa
de N.Senhora do Pilar é um acontecimento singular e celebrada todo
dia 02 de fevereiro desde sua fundação, com novenas, missas, procissão e banda
de pífano!
Agora imagine que, à despeito de
toda riqueza no seu subsolo (gás natural), essa cidade tem um tesouro de nome João Benedito Porfírio (78 anos), de oficio mestre canoeiro, construtor de canoas e que
artesanal e braçalmente constrói canoas da antigas árvores como os índios Cariris
já fizeram na região um dia. Ciente de não usar espécies nativas porque não é
permitido retirar da Mata Atlântica remanescente como faziam. Seu João e outros
se houverem, certamente, têm grande potencial para ensinar seu oficio como “Patrimônio
Cultural Vivo de Alagoas”, e não interessa de qual partido é; para qual
time esportivo torce; e que fé consagra, apenas que deve e pode ensinar aos
jovens talentosos seu oficio e aos turistas sua experiência de vida. À postos
para fazer enriquecer qualquer campeonato alagoano de regatas de canoas à vela.
Que “belezura” seria um píer todo enriquecido com coloridas canoas de Seu João
com velas desenhadas por textos e poesias de seus escritores e poetas! Assim ganharíamos
todos:
“O OFÍCIO DO MESTRE CANOEIRO: DO SIMBÓLICO PARA O
MATERIAL A canoa caiçara é o símbolo maior da cultura caiçara. Para a
compreensão do significado da canoa caiçara para o grupo social que a produz e
a utiliza é necessário entender conceitos básicos relacionados à cultura
material, a própria concepção de cultura e suas particularidades, “além da
necessidade de se compreender a especificidade deste tipo de embarcação, ou
seja, em que medida a canoa, tal como é construída nos dias de hoje, reflete
uma sociedade, sua organização, suas representações e como aparece como marca
registrada deste grupo” 32. Na praia
onde existe uma canoa, está o dono dela, que conhece a sua história. Sabe onde
ela foi feita, quem a fez, com qual madeira, onde, quando e porquê. Ele pesca
com esta canoa e conhece os segredos das artes de pesca, os diferentes peixes e
seus hábitos. Conhece os pesqueiros por nomes antigos, as correntes de água, as
marés, os ventos mansos e bravos, e quando não pode pescar conhece as trilhas,
as roças, as “cavas de casas” que já não existem mais, os bichos do mato e as
plantas. Ele possui e cultiva estes conhecimentos diariamente por simplesmente
“saber fazer” e para “ensinar como” sobreviver aos seus descendentes..." (http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/DOSSI%C3%8A%20IPHAN%20V14.pdf)
Igreja de N.Senhora do Rosário |
Imaginou a riqueza do Pilar?!
Então ponha mais imaginação aí...
Pense agora em como é ser
recebido por um pilarense de corpo e alma, escritor e jornalista apaixonado por
sua terra... Nosso amigo Sergio Moraes (celular: 82 98822.6740). Permita!
Ele é pura poesia! Nos atendeu como condutor nativo e nos fez circular entre
igrejas históricas e mirantes de beleza ímpar! Recitou seu texto de acolhimento
ao nosso grupo e orou conosco sob o Manto Sagrado de Nossa Senhora do Pilar! Festejou
a pesca e a riqueza da lagoa como ninguém! Tem visão e amor ao Pilar para além
de qualquer gestão pública:
“Em nome do povo do Pilar, os
recebo com alegria
Esse grupo que faz trilha, que
nos visitam neste dia
Apreciem nossas belezas e a nossa
gastronomia...”
Outra criatura que merece
destaque e reconhecimento profissional na sua labuta diária. Estaremos a ele
vinculado toda vez que voltarmos. E que mais trilhas nos sejam apresentadas e
abertas ao ecoturista em geral!
Igreja de N.Senhora do Pilar |
Igreja de São Benedito |
Foto Sérgio Moraes |
Agora, já que você vai aí somando conosco os “tesouros”
do Pilar, se delicie nas fotos!
Caminhamos e conhecemos entre horta e uma pequena e inicial agrofloresta a proposta do “Eco Sítio Bella Flor” que engatinha decidida na agricultura orgânica, com o entusiasmo e dedicação profissional da professora aposentada Elienai. Semanalmente seu Delivery atende fornecendo produtos ecológicos, cultivados com zelo sem agrotóxicos (celular:82 99941.0595). Obrigada amigos!
CRÉDITO FOTOS: Gianna Perrelli. Do banco de imagens dos Caminhos Das Alagoas. Colaboração Sergio Moraes