Chamar-se Maria e ser mãe de todos os santos e filhos!
Ou apenas chamar-se Vó Lalau, sem profissão definida, persistir na viuvez aos trinta e seis anos, e criar nove filhos.
Ser Zóia, Mariola, Erinéia, Luzinete, costureira, cozinheira, artesã ou arrumadeira e exercer atitude em sua negritude brejeira, naturalmente.
Chamar-se Edith e ainda na melhor idade renovar-se diariamente.
Ou chamar-se Vânia e acreditar ter seu filho reeducando novamente “ajuizado”.
Chamar-se Elze e fazer poesia em sua esquizofrenia.
A mulher pode! Dançar capoeira ou exercer função de secretária de Estado.
Ser D. Mil ou cem!
Chamar-se Iemanjá, ser deusa, protetora do mar e seus elementos.
Chamar-se Aqualtune, princesa africana, e buscar liberdade com o filho no ventre fundando a república negra dos Palmares.
A mulher pode!
Dirigir e crer...
Esperar e corrigir...
Enxergar e perdoar...
Amar e acreditar...
Cuidar do quintal de casa e do meio ambiente!
Pela vida! Pela liberdade de ser mulher!
Uma homenagem no mês nacional da “Consciência Negra” às mulheres que fizeram, fazem e farão esse país mais luminoso e justo!
"Serra da Barriga
Barriga de negramina!
As outras montanhas se cobrem de neves,
De noiva, de nuvens, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
De argolas,de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!..."
(Jorge de Lima)