Utensílios tradicionais de forte simbolismo da antiga casa-garnde e senzala,
comumente utilizados na culinária junina e sua decoração.
"Numa velha receita de doce ou bolo, há uma vida,uma constância, uma capacidade de vir vencendo o tempo...(Gilberto Freyre)
Impossível participar das festividades juninas sem sua culinária típica, o "fino equilíbrio entre as cozinhas portuguesa, indígena e africana"(A Civilização do Açúcar, Pg 151). Na casa-grande de nossos engenhos, centro político, religioso, econômico e festeiro do local, surgiram de suas espaçosas e fumegantes cozinhas, receitas que ainda hoje garantem a alegria e prazer das festas juninas.
Tem canjica, pamonha, munguzá, quindim de Iaiá, pudim criolo, bolo de massa puba, de milho, doce da batata doce, pé de anjo, pudim de milho verde, cocada, bombocado de macaxeira, licor de leite, de jenipapo e tantos outros doces brasileiros. Vai aí uma receitinha da vovó Lalau e D. Bebé ?
Licor de leite da vovó Lalau
01 litro de leite (natural), fervido e frio
01 garrafa de álcool de 40º
02 favas de baunilha
02 rodelas de limão
02 rodelas de abacaxi
02 paus de canela
01 kg de açúcar
Deixa-se em infusão numa recipiente fechado por oito dias e depois filtra-se para servir após refeições.
Doce de batata doce de D.Bebé
01 kg de bata doce cozida e amassada
01 kg açúcar
01 coco (sumo)
pau de canela e aniz.
Levar o açúcar e a bata amassada ao fogo baixo e mexer com a colher de pau até soltar do fundo da panela e dissolver todo o açúcar. Acrescente o leite e deixe mexa vagarosamente por mais uns 15 minutos. Está no ponto quando não cai da colher. Esfriar e servir com queijo coalho e pau de canela.
"O que dá dignidade a uma pessoa é a segurança de pertencer a alguma genealogia - tanto biológica quanto cultural..." (Fátima Quintas)
"Merece que se lhe acompanhe a ascensão social também, seguindo-a na sua trajetória,desde os mocambos, terreiros ou senzalas até os salões rurais e citadinos, que se lhe abriram as comemorações de Natal, nas dos três santos juninos, especialmente. Devemos, mesmo. admitir que há, na verdade, uma história social do Coco Alagoano. Mas quando teria começado? ... ela se iniciou com o povoamento da região, quando deram entrada as primeiras levas de negros escravos e o florescimento da economia açucareira contribuiu para a concentração e fixação do (folclore) negro."
No coco alagoano, brinca-se acompanhado dos instrumentos, ganzá, pandeiro e peneira : " ...um matutinho alegre, danador, deslambido, descarado, que não tivesse dúvida em quebrar o coco...". Originou-se, como reza a tradição, nos mocambos palmarinos" da Serra da Barriga e se alastrou nordeste afora . ( "Floclore negro das Alagoas"- Abelardo Duarte, Pg 44e 45)
"Puxa o coco, ô Ieiê
Puxa o coco, ô Iaiá
Sinhazinha quer casar,
Sinhôzinho quer também,
Sinhá não quer deixar,
Esperando o ano que vem."
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