Serra da
Barriga (Jorge de
Lima)
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve,
de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
de argolas, de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve,
de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
de argolas, de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!
Serra da Barriga, buchuda, redonda,
de jeito de mama, de anca, de ventre de negra!
Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu!
Cadê teus bumbuns, teus sambas, teus jongos?
Serra da Barriga,
Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga,
cheirando a maconha, cheirando a liamba?
Os teus meio-dias: tibum nos peraus!
Tibum nas lagoas!
Pixains que saem secos, cobrindo
sovacos de sucupira,
barrigas de baraúna!
Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu!
De noite: tantãs, curros-curros
e bumbas, batuques e baques!
E bumbas!
E cucas: ô ô!
E bantos: ê ê
Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos!
Aqui é Zumbi!
Barriga da África! Serra da minha terra!
Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi!
Depois, minha serra, tu desabando, caindo,
levando nos braços Zumbi!
E bantos: ê ê
Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos!
Aqui é Zumbi!
Barriga da África! Serra da minha terra!
Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi!
Depois, minha serra, tu desabando, caindo,
levando nos braços Zumbi!
"Se adoçais a boca com
açúcar,
não é doce o que tomais, mas é fel, e verdadeiro e humano;
e se o
tendes posto em alguma bebida, o que bebeis é sangue."
(Padre
António Vieira)
Dia cheio entre a caminhada na reserva de Mata Atlântica do antigo engenho Anhumas de 1836, sua história e detalhes arquitetônicos coloniais e o Parque Memorial da Serra da Barriga com a carga histórica cultural da República Negra dos Palmares. A região é parque tombado e sítio arqueológico.
Gameleira sagrada impressiona por seu tronco oco |
Nem tudo é troco na foto da Gameleira Sagrada. As bênçãos pairasm dos Deuses das religiões afro nos envolvendo. |
Família unida faz trilha sem igual |
“.... O Parque Memorial Quilombo
dos Palmares foi implantado em 2007, em um platô (área plana) do alto da Serra
da Barriga. O local, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) em 1985, recria o ambiente da República dos Palmares – o
maior, mais duradouro e mais organizado quilombo já implantado nas Américas.
Nesta espécie de maquete viva, em tamanho natural, foram reconstituídas algumas das mais significativas edificações do Quilombo dos Palmares. Com paredes de pau-a-pique, cobertura vegetal e inscrições em banto e yorubá, avista-se o Onjó de farinha (Casa de farinha), Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e Muxima de Palmares (Coração de Palmares).
Acesso |
Casa de farinha |
Eram
agrupamentos criados em locais de difícil acesso, e que dispunham de armas e
estratégias de defesa contra a invasão de milícias e tropas governamentais. O
Brasil colonial conviveu com centenas de comunidades quilombolas, espalhadas,
principalmente, pelos atuais estados da Bahia (BA), Pernambuco (PE), Goiás
(GO), Mato Grosso (MT), Minas Gerais (MG) e Alagoas (AL).
Mariolas renovadas |
PALMARES
– No Brasil, a mais famosa comunidade quilombola foi Palmares, fundada no
século XVI pela princesa congolesa Aqualtune, mãe do lendário Ganga-Zumba, e
instalada na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares (AL). ...
Criado no
final de 1590, o Quilombo dos Palmares transformou-se num estado autônomo,
resistindo por quase cem anos aos ataques holandeses, luso-brasileiros e de
bandeirantes paulistas. Em 1695, foi totalmente destruído, um ano após a morte
de Zumbi, assassinado por Domingos Jorge Velho, bandeirante contratado com a
incumbência de sufocar Palmares e outros quilombos próximos a ele.”(http://serradabarriga.palmares.gov.br/
)
Varanda externa |
Piso de tijolo batido original |
Banheira do principal banheiro com azulejos originais |
Chuveiro e torneira de bronze |
Corredor de madeira original porém bastante danificada |
O Piano foi trazido da Europa de carro de boi pelo porto de Olinda |
Detalhes de relevância: pilões de madeira de lei e tachos de bronze |
Baú de encaixe, sem pregos. |
Saborosa culinária regional, caseira e de produtos da fazenda. |
Detalhe da mesa de almoço com centro de correr. |
A Fazenda Anhumas representa, historicamente, um sistema de vida familiar, econômico e cultural que ao longo dos tempos condicionaram a sociedade e vida de alagoanos. Antigo
engenho, dá nome à um pássaro da região. Sua sede atual, espaçosa, tem traços
arquitetônicos especiais da época áurea dos engenhos. Cômodos que dão
acesso para um único jardim interno e detalhes da mobília trazida de Portugal em carro de boi pelo porto de Olinda. Banheiro com uma enorme banheira e calha d’água
para permitir água quente trazida de uma fornalha externa, grande modernidade
para a época. Apesar de necessitar de algumas restaurações tem grande fachada, sótão e porão, fornalhas, e oitenta e quatro entradas, entre portas e janelas. A casa cfoi cenário do filme de Cacá Diégues , "Joana Francesa".
Início da caminhada |
Adicionar legenda |
Orquídeas não passam despercebidas |
Trilha de médio impacto. |
E dessa vez, fomos recepcionadas por uma cobra caninana, preta e amarelo. |
O "marido" cia da mariola Alba, satisfeito do dever cumprido |
Eu frustrada porque não completei a trilha, o dedão do pé "injanbrou"! |
Para visitar a Fazenda Anhumas, reservar o serviço antes com Izabel e Emilio pelos fones: 82 9657.5789/9129.3243
São dedicados e têem orgulho do patrimônio da família. Apenas necessitam de mais apoio institucional para reformas e acesso ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que há anos tem na subida à Serra por transporte rodoviário, um grande gargalo para o turismo na região. Imperdoável!
Créditos:
Gianna Perrelli e as "mariolas" Yanna Fernandes, Selma Marques e Esmerina Segunda.