março 01, 2015

Carnaval, o território do Frevo como manifestação e herança cultural.







Você gosta de festa e alegria? 

Pois durante o carnaval vai achar um território chamado do frevo em Pernambuco, Alagoas e Paraíba que se fundamenta nessas premissas. 

No período da maior festa brasileira, o que toca o coração de multidões desse Brasil afora é participar in loco ou observar a alegria do folião transfigurado em fantasias singulares garantindo com “passos” no chão o “imaginário coletivo”. O conhecimento, crença, arte, moral e costumes adquiridos historicamente. Isto é, uma exemplar herança cultural de parte desse nordeste. Que constatação! Do folião mais novo ao mais velho, figuras ímpares, em uma só sintonia – fazer parte desse carnaval!




Marco Zero


Bloco Lírico

Fantasiada de pernambucana

Princesas dos Blocos Líricos entoam marchinhas carnavalescas.

Recife é tudo de bom!



Os tradicionais palhaços de Olinda


O fôlego da banda de frevo



Especialmente em Pernambuco, pois a manifestação é particular, bairrista e elementar em família! A folia vira “causo” literário! Uma curiosidade científica sobre a diversidade cultural. Difícil é permanecer-se imparcial ou de fora daquela festa toda.

Covardia falar então do Galo da Madrugada - o bloco mais querido do Brasil. O Jornal do Comércio já informa em manchete: “Sua majestade, o povo – Na multidão, anônimos fazem a festa. Seja ironizando os talibãs, seja zombando dos políticos, dos super-heróis, tudo é pretexto para alegria atrás do galo da Madrugada.”.




Encontro de blocos é demais!


Personagens do maracatu


Personagem do maracatu rural





E, se a cultura “revela-se como o instrumento por meio do qual o indivíduo se ajusta ao cenário local/total e adquire meios de expressões criadoras” e é proporcionalmente derivada...”de componentes biológicos, ambientais, psicológico e histórico” (A Civilização do Açúcar – Fatima Quintas e outros, pg 42 e 43)”, a manifestação do carnaval desses estados está para o singular e exclusivo ritmo do Frevo, dos Maracatus e dos Blocos Líricos. Frenético, fervilhando de cores e caras.
  








Bloco Lírico das Ilusões na apresentação de palco


A inconfundível sombrinha






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No site Wikipédia temos: “A Capoeira é uma luta que influenciou diretamente as origens do Frevo

O Frevo é um ritmo pernambucano [1] derivado da marcha, do maxixe e da capoeira. Surgido no Recife no final do Século XIX, o frevo se caracteriza pelo ritmo extremamente acelerado. Muito executado durante o carnaval, eram comuns conflitos entre blocos de frevos, em que capoeiristas saíam à frente dos seus blocos para intimidar blocos rivais e proteger seu estandarte[2]. Da junção da capoeira com o ritmo do frevo nasceu o passo, a dança do frevo.

Até as sombrinhas coloridas seriam uma estilização das utilizadas inicialmente como armas de defesa dos passistas.

A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, que passou a designar: efervescência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas, como o Carnaval...”
  


Detalhes no chão

A constatação arqueológica do porto original do Recife no Marco Zero

A burrinha da felicidade

A batida do maracatu


Detalhe de prédio histórico




Já na obra “Folclore Negro das Alagoas- áreas da cana-de-açucar”, escrita em 1974, Abelardo Duarte nas pg 352 e 353 cita sobre o Maracatu com os personagens do Rei e Príncipe; Rainha e Princesa; Embaixadores; Vassalos; Damas de Honra; Lanceiros; Porta-estandarte; Baianas e orquestra:

“Área de forte influência afro-negra, a nossa terra conservou por muito tempo as sobrevivências das práticas e dos costumes africanos, principalmente no que se refere à música e à dança... Aliás... As cantigas e o ritmo afro-negro... As toadas ou peças dos Maracatus das Alagoas referiam-se à terra nativa dos ancestrais ou dos próprios figurantes. Mas o que causava maior impressão não era a sua temática, evidentemente pobre, ou algo nostálgico que reçumava dos cânticos afro-negros; era, antes de tudo, a majestade do cortejo, movendo-se com dignidade, com penetrados todos dos seus papéis, no magnifico aparato de suas vestes de seda, de suas contas, de seus aljôfares, de seus mantos de seda e arminhos, dos cetros reais com a meia-lua, da umbrela que cobria as figuras do Rei e da Rainha, naquela glória passageira que fazia esquecer os sofrimentos e as penas de sua raça no mundo que vieram povoar...”.

Estandarte do bloco alagoano PINTO de MADRUGADA que se apresenta nas prévias carnavalesca e afilhado do GALO da MADRUGADA pernambucano


Passistas do Frevo também alagoano







E, se historicamente, temos a herança cultural do carnaval nas raízes da formação deste pais com o ciclo da cana-de-açúcar neste território, não poderíamos deixar de prestigiar o MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE no bairro de Apipucos, Recife.




A lavoura

Tela holandesa sobre os antigos engenhos banguês

Carinhos entre a negra ama de leite e o filho do senhor de engenho



Porcelana portuguesa




Orixás

Devotos

Cortejo em artesanato


Eu e Matheus constatamos uma experiência emocionante

 



E tem também na culinária o doce sabor do carnaval, tradicionalmente de origem portuguesa chancelado na saborosa receita do Filhós ou Filhoses que agora apresento e da qual homenageio minha vó paterna (Vó Lalau) fazendo e apreciando o quitute a cada Festa de Momo:

Filhós ou Filhoses
3 xícaras de farinha de trigo
3 xícaras de água
1 pitada de sal
3 ovos
1 colher sopa de margarina (originalmente banha de porco)
1 colher de café de fermento em pó

Calda: 2 xícaras de açúcar, 01 e ½ xícara de água, paus de canela e cravo à gosto e raspas de 01 limão.

Leve ao fogo a farinha, fermento e sal com a água até escaldar a massa. Deixe esfriar e após, junte os ovos, um a um, até incorporar a massa mexendo bem com as mãos. Faça bolinhos e frite em óleo bem quente. Sirva com a calda. Serve bem seis pessoas.

No ritmo do “Voltei Recife” não perdi tempo e me fiz presente. Dá para não gostar dessa democrática e singular frevilhação?!! Tem que ter perna para incluir também Olinda....