junho 05, 2016

Oh glória é peregrinar em Riacho Velho, Marechal Deodoro

"Somos todos peregrinos sedentos da plena Verdade e da existência absoluta sem entraves." 
(Raphael Henrique Perrelli) 



Oh glória é peregrinar em Riacho Velho!!

Hoje vinculada à Associação dos Amigos do Caminho de Santiago - Alagoas, a AACS AL,pela consultoria em ecoturismo, e prestes a aniversariar propus vivenciar uma trilha com espírito peregrino focando em mobilidade e espiritualidade do ponto de vista cristão. 

Juntamos os grupos da AACS AL, representada em pessoa pelo atual presidente Geraldo Majella e com destaque para a bandinha de flautas dos meninos nativos de Riacho Velho ( aguardando patrocínio) e os membros do nosso "Vambora Mariola e Cia" representando os Caminhos Das Alagoas.

Escolhi Riacho Velho, não por acaso. Povoado historicamente quilombola (Civilização do Açúcar, lembram?) e local onde, desde 2005 nos apresentamos para elaborar o então "Caminho Lagunar" que teve como mentora Celina Santos, amiga, peregrina e "mariola", e que, por motivos políticos e de divergências com a última diretoria (ambas já extintas), nos ausentamos da proposta por anos. Alguns outros amigos também se fizeram presentes.  Dessa forma, incluímos nesse dia de Luz a palestra de Raphael Henrique, com formação em Filosofia/Teologia sobre a "A Peregrinação Existencial". Palestra essa que copio abaixo de autoria do mesmo. Deus conosco!









A Peregrinação Existencial 
Introdução

Peregrinação é uma palavra de origem latina que significa “pelos campos” (per agros). Popularmente define uma trajetória religiosa seja qual for a religião. Porém, em seu sentido mais profundo designa o próprio existir humano.
Na religião judaica, as peregrinações eram obrigatórias. Se fundamentavam na lei mosaica (Torah) e tinham uma dimensão sobretudo civil. No Cristianismo os peregrinos buscam robustecer a fé, alcançando uma graça, cumprindo um voto ou uma penitência. Se fundamentando então, na própria jornada de Jesus Cristo que em seu Ministério itinerante operou milagres, exorcismos, perdão dos pecados e levou a plena realização à Lei judaica. 





O Peregrino e a Kabbalah

A Kabbalah é uma palavra de origem hebraica que significa “receber- tradição”.

No religião judaico cristã é em si mesma o próprio caminho existencial do peregrino. É o processo de fluxo e influxo do ir e vir ou seja, do existir também denominada de “Árvore da Vida” Gn 2,9: “IHWH Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”.

São dez as sephiras ou esferas e uma falsa. Pela Kabballah o peregrino possui três caminhos ou como afirmam os sábios três pilares. O da esquerda composto pelas sefiras: Binah, Gevurah, Hod, definido como sendo o pilar da SEVERIDADE. O da direita composto pelas sefiras: Hochmah, Hesed, Netzch, definido como sendo o pilar da MISERICÓRDIA. E finalmente, o pilar central definido como sendo o do EQUILÍBRIO composto por Kether, Tiphereth, Yesod e Malkhuth.




A mariola Delfina tem o que mostrar
no estrangeiro ao amigo escritor

Eu sou muito "suspeita" de falar ...

Amo muito essas mariolas "lindinhas"

Vai uma água de coco aí mariola Edna?!

Mariola Anita 

Mariola Goretti em bom retorno

Mariola e peregrina a prima Fernanda sempre prestativa
deu seu depoimento sobre o Caminho espanhol de Santiago

A estreante mariola Tânia

A fiel e irriquieta mariola Yanna

A disposta mariola Selma


Alguém duvida desse abraço?

No pilar da esquerda estão trilhando aquelas pessoas que se realizam nas ciências exatas, da saúde, da justiça ou militar, etc. No pilar da direita estão os trilheiros da vida artística, humanas, sociais, etc. E finalmente, no pilar central encontramos os místicos (Religiosos, espiritualistas, exotéricos, etc.).



O ápice do peregrino encontra-se em ultrapassar a falsa sephira Daath e atingir a Sabedoria suprema. A Luz das luzes. O sentido pleno do existir. Nessa falsa sephira, encontramos os calculistas, racionalistas e indiferentes à realidade soberana do espírito sobre a matéria. Não enxergando sentido maior em suas vidas que não seja o lucro, o status social e a auto suficiência. Essa esfera é o antigo e mortal fruto proibido mitologicamente narrado na Bíblia. É a soberba, a arrogância e a desumanidade oferecida pelo Inimigo de Deus para que a humanidade não fosse criatura divina mas que se fizesse semi deuses, ou seja, rompendo a comunhão com seu Criador. Gn 3,4 “a serpente disse então à mulher: não, não morrereis mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no Bem e no mal.” 






Famílias garantindo a subsistência

















A visão cristã sobre a peregrinação   



A peregrinação é um ato de exilados. A humanidade uma vez decaída pelo pecado da soberba e expulsa da comunhão plena com seu Criador agora se vê distante dessa casa paterna. A existência humana tornou-se sempre um peregrinar, um buscar, um desejar estar acima da própria realidade.

A revelação de Deus foi feita de forma progressiva, lenta porém inexorável. Com Abraão, Deus inicia o seu plano de resgate que consiste basicamente em mostrar o caminho de volta à comunhão. Gn 12,1 “IHWH disse a Abrão: sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei.”.  



Essa terra muito mais que geográfica é sobretudo o destino final da grande jornada da fé. Essa fé se tornou uma religião com Moisés que a codificou. Recebeu a missão divina de libertar os hebreus da escravidão do Egito dando início a peregrinação comunitária e não mais solitária. Ex 3,8 “Por isso desci a fim de libertá-los da mão dos egípcios, e para fazê-los subir daquela terra à uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel. ..”.


Chegada porém a plenitude dos tempos, tudo se realiza e se consuma no mistério da Encarnação do Filho Unigênito do Pai. Jo 1,1-5; 14 “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio Dele e sem Ele, nada foi feito. O que foi feito Nele era vida, e a vida era luz dos homens; e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam...E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade”.

























































No ventre da Santíssima Virgem Maria o Verbo Divino assume a humanidade igual em tudo a nós exceto no pecado. Sendo Divino e humano Jesus torna-se para nós Jo 14,6 “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.”.
Maria passa a ser, então, a Nova Eva – cognominada pelo seu próprio Filho como sendo a “Mulher”. Jo 19,26. Realizando seu primeiro ato agora como a “Theotokós” (em grego Mãe de Deus) aquela peregrinação de júbilo e caridade à cidade de Ain Karin na casa de Isabel, prenúncio de todos os cristãos que levariam o próprio Cristo em seus corações por meio do batismo e da fé. São os peregrinos da Misericórdia Divina encontrando também do próximo irmãos de jornada de vida. 



O próprio Jesus fez de sua vida terrestre uma peregrinação anunciando o seu Evangelho com os seus frutos: perdão dos pecados, curas, exorcismos e conversões. Nele nós nos tornamos peregrinos rumo à eternidade 1Pd 2,11: “Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros nesse mundo, a que vos abstenhais dos desejos carnais que promovem guerra contra a alma.”.

Em chegando o crente peregrino ao fim de sua peregrinação terrestre, reencontrará a plena comunhão com Deus, tendo a visão beatífica da Santíssima Trindade. Ap 22,3-5: “Nunca mais haverá maldições. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhe prestarão culto; verão a sua face e seu nome estará sobre suas frontes. Já não haverá noite: ninguém mais precisará da luz da lâmpada nem da luz do sol, porque o senhor Deus brilhará sobre eles e eles reinarão pelos séculos dos séculos...”.



Somos todos peregrinos sedentos da plena verdade e da existência absoluta sem entraves. “Utreya”!
(texto Raphael Henrique Perrelli)













































“É belo passar, como peregrinos, pela fonte da existência, saber que cada passo é único, cada fadiga jamais se repetirá, cada repouso é sem igual. Saber que “não se toma banho duas vezes no mesmo rio”, não se ama duas vezes a mesma mulher, não se sente duas vezes as batidas do mesmo coração, tudo é passagem, tudo é mutante, tudo é fluxo...Exceto o SER!”    (Roberto Crema)      


























Por mim mesma
Sou fã, anã, leal, vital
Filha, mãe, irmã, tia: prudente.
Crente, contundente certamente coerente

Faltosa, dengosa, escandalosa, teimosa
Alegre, vidente, gulosa
Viageira, ligeira, festeira e trilheira
Tenho um defeito nas vistas e uma alergia imensa...

Generosa, por mim mesma sou a imbecil número mil
Descarto injustiça, violência
Tenho um coração solidário e um sol comunitário

Por mim mesma
Projeto probabilidades catando caminhos da felicidade

Até aprecio as margens que me oprimem
Daqui mesmo resisto e sonho
Tudo posso e pressinto assas...

E no turbilhão da vida que tiver
A fé que carrego me consola
Protege e promove
Ilumina meus caminhos

Porque no abraço do tempo que vier
Entre o céu e o mar.  Eu
 Sem medo, sem fome.
             Atenta a minha melhor arte: acreditar ser eu mesma a maior das peregrinas.                    

(Gianna Perrelli) 

Fotos crédito: Gianna Perrelli. Todos os direitos reservados. Imagens texto Internet.