agosto 14, 2019

Água Branca, sertão de Alagoas, onde vivenciamos a terra de barão!

No sertão alagoano onde tudo é simples e belo

Aos pés do cruzeiro no Morro do Calvário de Água Branca
Partimos para Caraibeira, já na fronteira com Pernambuco, à 24 km de Água Branca, no sertão serrano de Alagoas. Daqui pra ali é um pulo...bem “alí”! Do tamanho do sertanejo!!

A região já produziu e sempre dará um belo livro com exclamações de admiração e interjeições que supõe o espírito humano da esperança. Cruz, credo! Vôte! Então!... Se tem a história bem vivida. Né?!



































Você anda...anda e, anda e não chega! Parece mesmo o fim do mundo! Passa por Pariconhas. Se entorna a reserva indígena Kalankó. Mais umas terras, alguns plantios de feijão e palma... Mais três leitos minguados de rio temporários. Com umas poças do inverno na região. Mandacarus, xiquexiques, caraibeiras (nome popular na região dos ipês), umbuzeiros, catingueiras, juás e aroeiras. Até algumas bromélias e outros cactos. A carcaça do gado à margem afirmando o ciclo da vida. E finalmente, você se depara com uma única avenida, bem traçada e ampla, com casinhas simples e o tal galpão. Caraibeira, recebe o nome da Serra ao lado. Foi lá que achamos o que estávamos buscando além da história de Água Branca de outro município: um polo industrial de tecidos rústicos e redes... Eita festa!



Leito do rio na divisa entre Alagoas e
Pernambuco 












Beleza escancarada! Incrível brasileiro! Que fenomenal é o sertanejo! Tirar sangue de pedra “num” é nada! Pior é valorizar cada taco de maciço atrás d'água; cacto ou palmo de terra seca. “Num” é para todo mundo não! Luta arduamente para comer e beber, na miséria se for o caso. Tem algo de bravo e digno, só por existir. E que quebra tem tudo verdinho no inverno!










Mesmo no inverno alguns rios não se vê água, apenas seu leito.


Há que se pedir passagem




Parece ligar o nada a coisa nenhuma

...e no meio outro leito: o de morte do gado.

E o céu sempre azul anil




A fé sempre presente











e








Só que, em sendo um sábado, depois de um meio dia (onde a viagem se estendeu em estradas de barro) não se via viva alma além de uma pequena oficina de bicicletas que naquele dia, por sorte nossa, estava consertando uma moto! E uma tal alma foi logo avisando: - “Tá tudo fechado! O povo descansa!” (E porque não pensamos nisso!). Mas, se a senhora bater naquela porta, ele abre o galpão pra seu grupo.” Batemos! Deu uma “canseira” danada! Achamos o artesanato que procurávamos... Um enfado! Mas depois, o “fastio” maior foi o de sair dali! Daquele lugar onde tinha gente e não tinha, entendem?!! Um silêncio no meio do maquinário e da pilha de tecido e redes – lindas e baratas, se diga!!

Finalmente, Caraibeira



























Trouxemos uma lição do estilo simples e absolutamente pleno da vida do sertanejo. Ele valoriza tudo ao redor: do sol escaldante ao descanso na rede à pequena sombra. Vive cada dia seu dia. Sem pressa ou maiores anseios. Deus provém. Nada lhe passa despercebido. Nem lhe assombra. Se o gado morre; se o rio temporário retoma seu leito; se a palma e o feijão cresce e, principalmente, se chove no sertão! – “Louvado seja Deus!”. Agradece o que tem com fervor! E com sua melhor vestimenta vai a cerimônia de louvor do domingo! Do rico ao pobre. Do preto ao branco. No sertão, meus amigos, tem diferença não!


Depois, outrora alguém ali já tecia as tais redes, por uma necessidade de repouso, e, mais recentemente, outro alguém de boa fé, viu potencial para um polo artesanal de produtos derivados do tecido, além das redes! - imagine! Nos confins do Brasil tem homens de bem e seres produtivos ao seu modo. Quer a chuva chegue... quer o sol arda. 

Em Água Branca o Morro do Calvário onde se realiza a cerimônia da Via Crusis
na Semana Santa
Aí vou puxar a “brasa pra minha sardinha”. Poucos em Alagoas realizam uma proposta de ecoturismo tão efetiva no que diz respeito aos valores locais: os Caminhos Das Alagoas o faz há mais de nove anos! Basta participar ou ficar aí acompanhando as fotos para crer. Mas melhor mesmo é vivenciar.






Não viemos só para o sertão das redes. Tínhamos como prioridade anuviar as vistas na região do sertão serrano em Água Branca. É linda e poética a cidade! Fica a quase a 600 metros do nível do mar e é o segundo ponto mais alto de Alagoas. No inverno tem temperaturas de até 13ºC. 

No centro histórico de casarios a imponente igreja Matriz de N.Senhora da Conceição (1871) é destaque em arquitetura barroco colonial.

A histórica mansão do Barão de Água Branca

No Morro do Calvário só se tem lindas imagens

O território de Água Branca, em meados do século XVII, fazia parte das sesmarias que compreendiam também os atuais municípios de Mata Grande, Piranhas e Delmiro Gouveia. Para diferenciar de Mata Grande, do qual durante muito tempo foi povoado, chamou-se primitivamente Mata Pequena ou Matinha de Água Branca. O topônimo Água Branca é proveniente do fato de haver, ali, uma fonte de água muito clara. A penetração em terras do município deve-se a três irmãos de família Vieira Sandes, vindos de Itiúba, povoação do Rio São Francisco. Atraído pelas boas pastagens oferecidas pela zona da caatinga, e pela riqueza da região serrana, o capitão Faustino Vieira Sandes desbravou o município, instalando uma fazenda de gado.Gentílico: agua-branquense.” 

Ao longe se vislumbra a Delmiro Gouveia







Pra Wilmene e Ana tudo vira poesia, e Dilma acolhe


Inseparáveis e fiéis peregrinas

Hum, triste decisão, torres num lugar
de meditação e contemplação


Esperando o melhor pôr do sol da região
É o que se vê


Em Água Branca fomos gentilmente recebidos pelo secretário de Turismo do município, o Heládio, que logo nos apresentou o de melhor. Participamos da missa na Igreja Matriz de N Senhora da Conceição com o Pe Aparecido (um querido de Deus); visitamos os Morros do Calvário e do Cruzeiro e almoçamos no Engenho São Lourenço. Ficamos de voltar nos festejos religiosos de N.Senhora da Conceição em novembro próximo. E se é terra de gente nobre todos se sentem como barão!

 
"Igreja de Nossa Senhora do Rosário - (1º construção feita em plena mata) eqüidistante de três núcleos de povoamento: Várzea do Pico, Olaria e Boqueirão, construída no ano de 1770 pelo Major Francisco Casado de Melo, apresentando características do Século XVII, isto é: fachada com frontão triangular, telhado a beira-seveira. Na parte interna destaca-se um arco cruzeiro com capitéis elegantes, chave em ogiva e altares laterais com detalhes em madeira ao seu redor. Possui para a devoção de seus fiéis as imagens de:  Santo Antônio Século XIX, com grande resplendor em prata;
Nossa Senhora das Dores Século XIXNossa Senhora da Apresentação Século XIXSão Sebastião Popular; Nossa Senhora do Rosário com menino vestido, princípios do Século XIX formando assim um patrimônio religioso de grande valia." 
http://www.aguabranca.al.gov.br/cultura/religiosidade/ 



"Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - De estilo barroco, foi construída no ano de 1871 (Século XIX), pelo Capitão-mor, Joaquim Antônio de Siqueira Torres (Barão de Água Branca) com uma área de 1.100 m² .Sua beleza encantadora nos faz dizer principal cartão postal da cidade. No seu interior encontramos as imagens de: São José com resplendor dourado São João Menino; Senhor dos Passos; São Joaquim Com rico resplendor douradoSenhor Morto em talha bastante simples com braços móveisSanta Ana com Nossa Senhora Menina Século XIXNossa Senhora da Soledade Século XIXNossa Senhora da Conceição com coroa de prata . Estas imagens foram esculpidas pelo imaginário Antônio Pedro da cidade de Penedo estado de Alagoas. O maior evento cultural / religioso desta cidade acontece no dia 08 de dezembro de cada ano subseqüente (Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição) e também aniversário do seu benfeitor (Barão de Água Branca)." http://www.aguabranca.al.gov.br/cultura/religiosidade/












Pe Aparecido nos acolheu como
peregrinos  com orações e carinho











Igreja cheia para a missa das 10h do domingo








No Morro do Cruzeiro na serra das Viúvas se avista parte da cidade




O competente anfitrião, Heládio, secretário de turismo, caiu conosco
na brincadeira da dinâmica de grupo e sorteou a mensagem que é seu perfil: FESTEJA!

Pra Wilmene tudo é mesmo muiiiito lindo!

Ana , Dilma e Wilmene: literalmente fiéis do Céu e da Terra



Decididamente o Engenho São Lourenço é uma atração à parte. Empreendimento familiar que deu certo! Com um restaurante pronto para atender a demanda de sua produção, se chega para almoçar ou jantar mas tudo o que se quer é a sobremesa. Um delicioso sorvete de rapadura, produzido por eles e herdado de bisavós (1920). Já patrimônio cultural e gastronômico do lugar! Procurem por Maurício seu proprietário, tem a história na ponta da língua e a ciência da produção de uma boa rapadura orgânica, cachaça e mel de engenho. E do sorvete (receita de família) não se consegue degustar apenas uma vez! Não se chega à Água Branca sem conhecer o Engenho São Lourenço.
https://www.facebook.com/engenhosaolourenco















Heládio nos proporcionou momento singular com
o quarteto de jovens de projeto do município

Grande momento, bonita homenagem, linda apresentação!!







Não se assombre com tanta informação. Maurício está sempre disponível para falar da história de sua família. Aqui se aprende como se produz há anos os derivados da cana de açúcar. 



















CRÉDITO FOTOS: Banco de imagens dos Caminhos Das Alagoas por Gianna Perrelli. Todos os direitos reservados.